Fazer compostagem em casa é uma forma prática e sustentável de reduzir o lixo orgânico e devolver nutrientes ao solo. No entanto, quem está começando pode se deparar com alguns desafios que comprometem o processo e geram dúvidas.
Conhecer os erros mais comuns e saber como resolvê-los é o primeiro passo para alcançar um composto de qualidade, sem cheiro forte e sem complicações.
Vamos apresentar, em forma de tabela, os equívocos mais comuns na compostagem, explicando o que cada um significa e como corrigi-los com facilidade.
| Erro | O Problema | Como Resolver |
| Aeração insuficiente | A compostagem é um processo aeróbico, ou seja, depende da presença de oxigênio. Quando a pilha de compostagem não é revolvida com frequência, o oxigênio se esgota, favorecendo a proliferação de bactérias anaeróbicas que causam mau cheiro e retardam a decomposição. | Revolva a pilha a cada 5 a 7 dias para garantir boa circulação de ar. Se possível, use um composteiro com sistema de ventilação ou faça furos nos recipientes para facilitar a entrada de oxigênio. |
| Insetos e pragas | A presença de insetos e pragas pode indicar desequilíbrio na pilha de compostagem. Moscas e larvas aparecem, geralmente, quando há excesso de frutas cítricas, restos de comida cozida ou falta de cobertura seca. | Evite adicionar sobras cozidas e sempre cubra os resíduos frescos com serragem, folhas secas ou papel picado. Evite carnes, laticínios e alimentos muito gordurosos, que atraem pragas. |
| Falta de equilíbrio da umidade | O equilíbrio da umidade é um dos fatores que mais influenciam na eficiência da compostagem. Umidade em excesso causa mau cheiro e apodrecimento, enquanto a falta de umidade impede a atividade microbiana, atrasando a decomposição. | A umidade ideal é semelhante à de uma esponja úmida — firme, mas sem escorrer água. Ajuste adicionando folhas secas (para reduzir umidade) ou restos de frutas e legumes (para aumentar). |
| Adição de resíduos não orgânicos | Um erro comum é incluir materiais que não pertencem ao processo de compostagem. A adição de resíduos não orgânicos — como plástico, metal, vidro, papel plastificado ou produtos químicos — compromete todo o sistema. não se decompõem e podem contaminar o composto final. | Adicione apenas resíduos orgânicos, como cascas de frutas e legumes, borra de café, folhas secas, cascas de ovos e restos vegetais crus. Fique atento a etiquetas, grampos, embalagens e outros itens não biodegradáveis. |
| Recipientes inadequados | Escolher recipientes inadequados pode dificultar a ventilação, o controle da umidade e até atrair insetos. Usar recipientes totalmente fechados ou sem furos de drenagem acumulam líquidos e odores. | Escolha composteiras com boa ventilação e drenagem. Se for improvisar, faça furos nas laterais e no fundo do recipiente para escoamento. O tamanho ideal depende da quantidade de resíduos gerados, mas é importante que haja espaço para a circulação de ar e o crescimento da pilha. Caixas de plástico, baldes reciclados ou minhocários podem funcionar bem, desde que adaptados. |
| Resíduos grandes sem triturar | Os resíduos grandes sem triturar demoram muito mais para se decompor, tornando o processo lento e irregular. Cascas de frutas inteiras, galhos grossos ou talos grandes demoram muito para se decompor, atrasando o processo geral | Corte, pique ou triture os resíduos maiores antes de adicioná-los. Casca de melão, abóbora e talos, por exemplo, podem ser picados em pedaços menores para acelerar o processo. Isso aumenta a superfície de contato com os microrganismos e acelera a decomposição. |
| Cheiro forte | Um odor desagradável é sinal de que algo está errado — geralmente excesso de umidade, falta de aeração ou presença de alimentos inadequados. | Verifique a umidade e a aeração. Misture folhas secas, palha ou papel picado, e revolva a pilha para reintroduzir ar. Evite alimentos de origem animal e mantenha a proporção correta entre materiais verdes e secos. O cheiro deve desaparecer em poucos dias. |
| Desequilíbrio entre matéria verde e seca | A compostagem precisa de uma proporção equilibrada entre matéria verde (restos de frutas, vegetais, borra de café) e matéria seca (folhas secas, papel, serragem). O excesso de verdes gera mau cheiro; o excesso de secos desacelera o processo. | A proporção ideal é cerca de 2 a 3 partes de matéria seca para 1 parte de matéria verde. Observe a aparência e o cheiro da pilha para ajustar conforme necessário. |
| Falta de paciência com o tempo de decomposição | Muitos desistem da compostagem por acharem que o processo está demorando demais. Mas a decomposição leva tempo — de dois a seis meses, dependendo das condições climáticas e do cuidado. | Tenha paciência e mantenha a rotina de cuidados. Lembre-se de que fatores como temperatura, umidade, aeração e o tipo de material influenciam diretamente na velocidade do processo. Observe as transformações e aproveite a experiência de reconexão com os ciclos naturais |
💡 Outros erros comuns que vale evitar
Adição excessiva de cítricos ou alimentos ácidos
O problema: Cascas de frutas cítricas em excesso podem acidificar o composto, prejudicando os microrganismos responsáveis pela decomposição.
Como resolver: Use cascas cítricas com moderação e sempre misture bem com matéria seca. Se o pH estiver muito baixo, adicione cinzas ou calcário para equilibrar.
Uso de resíduos contaminados com produtos químicos
O problema: Restos de alimentos com agrotóxicos, papel com tinta ou madeira tratada podem liberar substâncias tóxicas no composto.
Como resolver: Prefira resíduos orgânicos de origem conhecida e evite materiais com tintas, vernizes ou produtos químicos.
🌱 Conclusão
A compostagem é uma prática transformadora — para o planeta e para quem a adota. Evitar esses erros comuns é o primeiro passo para garantir um composto de qualidade, sem dores de cabeça. Com atenção, paciência e pequenas ações corretivas, você transforma lixo em vida e contribui para um mundo mais sustentável.
Manter a compostagem em equilíbrio é mais simples do que parece. Pequenas correções fazem grande diferença na qualidade do adubo produzido e no prazer de participar ativamente de um ciclo sustentável dentro de casa.




